O que não mata deixa a gente mais esperto

"E é aí que a porca torce o rabo" (Miss Piggy)
Essa foi uma das frases edificantes que postei no facebook nessa semana. Aconteceu uma coisa chata comigo - que me deixou mais esperta para uma próxima vez. Se eu não morri, vou ficar mais esperta. É uma boa lógica: a experiência a serviço da sobrevivência.

Entretanto, não basta viver e experimentar: é preciso tirar alguma coisa disso não? E quantas vezes a gente aproveita o que nos acontece bem menos do que poderia?

Conheço muitas pessoas que ostentam sua(s) experiência(s) de vida. Pessoas mais velhas do que eu. E várias pessoas da minha idade. É fato conhecido que a experiência não faz com que uma pessoa seja melhor do que outra: ela pode fazer uma pessoa saber mais, mas não saber tudo. E existe uma graaaande lacuna entre o mais e o tudo. E é aí que a porca torce o rabo.

Porque as pessoas simplesmente não reconhecem isso. Nem se eu desenhar - e olha que eu desenho bem!

Acredito piamente que quase tudo o que vivemos é válido, sendo que, algumas coisas nós simplesmente temos que passar. Ponto. Agora, eu me pergunto por que tantos nos olham de cima quando estão no mesmo nível que nós?

Para algumas pessoas tudo o que fazemos e vivenciamos é pequeno e mesquinho.  Elas já fizeram coisas muito mais interessantes e conheceram pessoas muito mais interessantes e são, naturalmente, muito mais interessantes - do que nós. Há um menosprezo e um desprezo sobre nossas opiniões, ideias , vivências e planos, como se estes não fossem dignos de... respeito? E pior do que o menosprezo escancarado é aquele velado no melhor estilo: Vou te ensinar tudo o que você precisa saber (sobre X, Y e Z), com direito a três palmadinhas nas costas e um olhar paternal. ("paternal" na falta de melhor tradução para a palavra patronizing) - comportamento este que está na minha lista de Coisas das Irritantes do Mundo, Categoria Interpessoal.

Para cada coisa o seu devido valor. Ponto.

O caçador e a caça
Sempre que penso na frase: "O que não mata deixa a gente mais esperto", penso no eterno duelo entre o leão e a gazela: se não for devorada, ela escapa - e suponho que aprenda tomar mais cuidado na savana.  Com a gente é a mesma coisa,  mas, diferente dela, temos a chance de matar nosso leão diário.  

Mas será que se eu não conseguir matar meu leão diário, vou deixá-lo mais esperto? Tomara que ele também não aprenda com a experiência.

Comentários

Anônimo disse…
Menina, mas que post bom. :) E que blog bom demais!
Brigada por isso!
E um pescotapa imaginário às pessoas que nos fazem cafunés imaginários e dizem "vou te ensinar tudo o que você precisa saber sobre a vida". A única pessoa que pode dizer isso, pelo menos na minha imaginação, é o George Harrison. Talvez o Gandhi. O resto tem que se virar nos 30 como qualquer um de nós.
Humpf.
Cláu
Marcelo disse…
É sempre bom matar todos os leões e deixar as cabeças deles espetadas em lanças como aviso pros próximos.

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