O que fazer com os post-its que colam em você?

Da última viagem que fiz, trouxe boas lembranças, mas também alguns post-its colados em mim. Desapontada, meio triste. E se estiverem certos? Ah, o receio de pareSER aquilo de feio que o outro nos aponta.

E aponta, assim, gratuitamente.

A step back. Nem sinal do meu ascendente em áries. Preferi a auto-análise, o olhar para dentro, refletir, ver se aquilo que diziam procedia. No fim das contas, não era nada mais do dar importância ao que pensam pessoas que admiro.

Desapontada de novo. A mim, que se mostra sempre tão verdadeira e inteira, foi negada a complexidade, ganhei post-it simplificador. E digo isso sem autocomiseração - preguiça gigante disso - apenas para entender o porquê.

Mas isso não é sobre mim, afinal, o que Fifi diz de Fafá diz mais sobre Fifi do que sobre Fafá. Além disso, quando resumimos fulano ou beltrano a X ou Y, damos a entender que as pessoas não são complexas como de fato são e que as relações humanas são simples - e não cheias de camadas. É querer simplificar o "insimplificável".

(O que me faz pensar numa expressão que gosto muito do inglês: take something/ somebody for granted)

Another step back. Importar-se menos e ser mais generosos com nós mesmos. É um favor que todos poderíamos nos fazer, é uma forma de autocuidado, é paz de espírito. E também é tudo isso reconhecer que não temos controle sobre o outro. Sou livre para ser quem eu sou, o que quiser. E o outro é livre para pensar o que quiser.

Quando trabalhava com Literatura, eu falava aos meus meninos que éramos todos personagens esféricas e é isso. Sou uma personagem esférica, como você que me lê. 

C. R. tem falado bastante sobre isso: tomarmos cuidado com os post-its que nos colam. Deixa que digam, que pensem, que falem - cantarolo sozinha, rodopiando com os gatos pela sala. E pela janela aberta, vou mandando embora, um a um, pequenos tsurus de origamis que fiz com os tais post-its daquela viagem.

[Que não percamos a perspectiva de quem nós somos]