A hipocrisia está no besouro desesperado da sua sala.
Sou uma pessoa totalmente pró-insetos e não é que me peguei com pensamentos homicidas em relação ao inseto que invadiu minha sala ontem à noite?
Quase um OVNI! Era grande, dourado e barulhento. Zumbiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa ao redor da lâmpada de luz quente da sala:
- Ô meu bem, quer se aquecer com esse calor todo?
Fazia um calor miserável e eu tinha deixado as janelas abertas, ainda sem telas:
- Tela é para os fracos. E pintores! - pensei durante o dia.
As únicas telas que tinha são as de pintura e de nada me valiam.
Não, eu não ia matar o que quer que fosse - "o que quer que fosse" não me soava bem. Podia ser uma sonda alienígena ou apenas o começo de um terrível filme de terror, no qual a pacata professora tem seu apartamento invadido por insetos que entram pelos seus ouvidos! Argh!
Pensando bem...
Naaaaaaaaaah. Minha vida seria outro tipo de filme.
Sei lá, às vezes a gente acaba sendo incoerente no que diz, faz e acredita, né? Defendo os mocinhos de seis patas e aí quando eles se aproximam - literalmente - eu mudo meu discurso?
Aí eu olhei com carinho para o pobre coitado que rodava loucamente na sala e fui fazer meu chá.
Quando voltei, ele não estava mais lá. Deixei o abajur aceso para ele e fui dormir. Pela manhã, ele estava deitado, de barriga para cima, no chão da cozinha. Esperneava, cansado. Não zumbia, cansado. Também, imagina a sensação das mariposas, besouros e demais insetos que ficam rodeando lâmpadas e afins, sem saber que nunca vão conseguir nada?
Pow, isso é triste...
Olhei mais uma vez com carinho para o meu colega estirado no chão frio, peguei-o delicadamente com um papel de papel toalha e levei- até a janela. De lá, ele voou para fora.
É... Coerência nos cai bem.
Comentários
Obrigada por partilhar da minha "loucura".
Beijo!