Quinzinho e os ritmos

Ele falava rápido como um locutor esportivo, mas sempre respeitava a fala alheia. E sua caminhada acompanhava a fala: sempre rápida. Também não dirigia, voava. Todavia, as ultrapassagens nunca eram perigosas e nunca recebeu multa de trânsito.

Durante a semana, engolia a comida depressa. Jantava de pé. Mas fazia questão de saborear a sobremesa com toda a calma no mundo e, nos finais de semana, jantava com os amigos como se fosse um príncipe. Até ignorava o relógio - um segundo coração? - pulsando no seu pulso.

Pensava rápido, mas as decisões demoravam um bom tempo para serem tomadas: tudo meticuloso, tudo bem planejado. No amor, também era lento - quase parando para quem olhasse de fora. Era um tempo todo seu, como se as palavras e ações passassem por estágios de maturação e despertassem aos poucos, depois de um longo inverno. Ou saíssem voando do casulo.

Pois é. Os seus abraços eram demorados, mas as conversas ao telefone, breves: não gostava de falar ao telefone. Gostava de olhar para as pessoas com calma, mas tirava conclusões rápido demais. E nunca, nunca, cantava no ritmo certo - também dançava mal, fazer o quê?

Diferentes ritmos pulsavam dentro dele. Diferentes relógios? O relógio biológico já anunciava o primeiro fio de cabelo branco:

- Novo assim?





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