Bibi passeia de trem

Bibi olha feliz através da janela do trem. Observa atentamente tudo o que se passa (e passa) pela janela. Era sempre como se visse o mundo pela primeira vez - o cheiro de papel de presente e o fitilho amarelo desfeito. Tanto olha para fora que quase perde o que há dentro: um homem com uma muda de árvore. Curioso, Bibi mantém-se quieto e parece ser inteiramente absorvido pelas folhas amareladas do pé-de-alguma coisa. O homem de olhos cansados. Saberia ele dizer que árvore ela aquela? Não que Bibi entendesse muito de plantas - na verdade, não sabia nada de nada -, mas alguma coisa prendia sua atenção intensamente. A árvore era um filhote como ele. Ainda sem frutos nem flores - será que dava flor? Ele não dava. Bibi sorri. O homem cansado nem repara em seus olhos pidões - precisa porque precisa saber... Quem sabe tivesse uma desse em seu quintal, quando fosse grande. Nunca tinha visto ninguém levar uma árvore no trem, muito menos uma de 1,70, folhas amareladas e raízes num saco de lixo preto.

Bibi chega a sua estação e depois de algum ensaio, pergunta que árvore é essa? É pé de quê?

- Jaca – diz o homem com ar cansado.

Diante da emoção de Bibi, o homem não se manifesta. Bibi agradece e segue o seu caminho, com a certeza de ter um pé-de-jaca quando crescer. Não sabia se seria médico, poeta ou astronauta, mas, naquele momento, o pé-de-jaca lhe bastava.

Comentários

biel disse…
eu adoro jaca! a jaca é a certeza de somos fortes para sustentar os nossos frutos, por maiores que eles sejam!

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