A Maga e as areias do tempo
A Maga olhou para o o jovem de joelhos à sua frente. Ele implorava qualquer coisa. Às vezes tudo, às vezes nada. Ele falava da memória e do tempo e da vida. E implorava. Desesperadamente. Ela, impassível e impossível, contemplava-o, sem qualquer sadismo, apenas o ouvia com atenção.
Entretanto, as palavras do jovem pareciam vazias, embora ele dissesse que vinham de seu cerne pulsante de desejo. Tanto desejo para quê? Para que aquela vassalagem? Era tarde, muito tarde. Eles ouviram o ínicio do fim.
O sol sangrava lentamente no horizonte espesso de nada. As estrelas começaram a aparecer, vagas e frias. Ele entregou-lhe seus sonhos e medos e tudo. Queria atar as próprias mãos para que ela fizesse dele o que quisesse. Mas ela já não queria mais.
Era tarde, muito tarde. A Maga, aço e ferro sem ferrugem, mostrou-lhe a pequena ampulheta e quebrou-a na sua frente. Ele, grito dilacerado, e ainda de joelhos, pediu que reconsiderasse. Mas ela estava muito certa e, com um sorriso de meia noite, disse-lhe:
- Já é tarde. Que as areias do tempo te devorem e consumam e que fiques em permanente estado de dor. O tempo parou para ti, por não saber controlá-lo. Mas ele passou para nós. Por isso tu ficas e eu vou. Não sabes fluir, então não fluirás: ficarás estagnado neste tempo, neste lugar. Já é tarde.
Amaldiçoado que estava, e duplamente assustado, ele viu seu corpo ser envolvido pela areia da ampulheta e sentiu um formigamento nos pés. Eles criavam raízes que se fincavam no chão dolorosamente. A transformação continuava e ele percebeu que tudo estava perdido para sempre. A última coisa de que se lembraria era dos cabelos da Maga, agitando-se com sofreguidão em meio a tempestade.
Chegou a murmurar-lhe alguma coisa, antes que seu corpo se convertesse em salgueiro-chorão e ele pudesse chorar as suas mágoas e erros e escolhas eternamente.
O sol sangrava lentamente no horizonte espesso de nada. As estrelas começaram a aparecer, vagas e frias. Ele entregou-lhe seus sonhos e medos e tudo. Queria atar as próprias mãos para que ela fizesse dele o que quisesse. Mas ela já não queria mais.
Era tarde, muito tarde. A Maga, aço e ferro sem ferrugem, mostrou-lhe a pequena ampulheta e quebrou-a na sua frente. Ele, grito dilacerado, e ainda de joelhos, pediu que reconsiderasse. Mas ela estava muito certa e, com um sorriso de meia noite, disse-lhe:
- Já é tarde. Que as areias do tempo te devorem e consumam e que fiques em permanente estado de dor. O tempo parou para ti, por não saber controlá-lo. Mas ele passou para nós. Por isso tu ficas e eu vou. Não sabes fluir, então não fluirás: ficarás estagnado neste tempo, neste lugar. Já é tarde.
Amaldiçoado que estava, e duplamente assustado, ele viu seu corpo ser envolvido pela areia da ampulheta e sentiu um formigamento nos pés. Eles criavam raízes que se fincavam no chão dolorosamente. A transformação continuava e ele percebeu que tudo estava perdido para sempre. A última coisa de que se lembraria era dos cabelos da Maga, agitando-se com sofreguidão em meio a tempestade.
Chegou a murmurar-lhe alguma coisa, antes que seu corpo se convertesse em salgueiro-chorão e ele pudesse chorar as suas mágoas e erros e escolhas eternamente.
Comentários
e o Horacio Oliveira? lembra eles! =)