Conhece-te a ti mesmo e outras coisas
É batata: quando a gente diz que perdeu a crença em algo, acontece uma reviravolta e temos a crença reforçada com cola araldite. Também já não me importava muito com a crença quebrada, mas é susto na certa perceber que ainda há quem. É uma espécie de tapa na cara com luva de veludo: é macio, mas incômodo.
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A cobrança pela saída que não foi possível não soaria cobrança caso se dissesse:
- Tô com saudade.
ou
- Quero te ver.
Mas a ideia é ser chato mesmo e cobrar por algo a que não se tem direito - como se o chato fosse você.
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Você acha que sabe o que quer até conseguir. Aí você vira para o lado e murmura:
- Então, acho que não era bem isso...
Ora, o caminho para se saber o que quer às vezes passa justamente pela exclusão:
- Não sei o que quero, só o que não quero...
E muitas vezes você só sabe o que não quer quando consegue:
- Mulher é bicho complicado!
Não: o ser humano é bicho complicado.
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O tempo tira a graça de certas coisas - ou é a gente que vê a graça escorrer pelo ralo? Eu era muito mais..., só que não mais agora. Vi a moça no espelho olhar com indiferença. Uma indiferença educada e ponderada, mas ainda assim indiferença.
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O chato do momento é aquele que acha que te conhece como a palma da própria mão, mas mal se enxerga no espelho. Ele é sazonal: de tempos em tempos aparece um.
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Estão me mandando sinais: tomo lista e vão tomando corpo em forma de ação e mudança.
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Não tenho mais problema com coisas quebradas, principalmente porque não sou jogá-las fora. Gosto do conserto do que tem conserto.
- Ei! Tá me chamando de sujeito cindido?
E nada descartável. Nem copos de plásticos.
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