Lili conhece o Pequeno Príncipe

Foxy se lembrava dele e seus olhos de veludo azul. O Pequeno Príncipe viera sabe-se lá de onde, mas sabia-se que de outro planeta. Não era daqui. Jovens daquela idade não curtiam Joni Mitchell, muito menos tinham aquele grau de maturidade. Foxy esquecia-se que ele era tão jovem. E se quisesse ofendê-lo, bastava lembrar-lhe disso. Tentara ler o Pequeno Príncipe diversas vezes, mas ele não permitia. Todavia, por vezes entregava-se numa palavra ou olhar. Encantador, deveras encantador. Ah sim! Ele a cativara de tal modo que poderiam passar horas conversando e ela não sentiria o tempo passar – numa época em que o tempo, para certas coisas, parecia não passar. E Foxy olhava para ele com ar sonhador. É meu caro, um dia você vai entender. Um dia o Pequeno Príncipe desapareceu e restou a Foxy uma saudade morna das risadas partilhadas e dos comentários bobos que ela atribuía à idade dele.

Certa vez, conversaram sobre coisas sérias, sobre o futuro, sobre relacionamentos. Encantador. Mais encantador ainda foi vê-lo correr pelas escadas, pegar a bicicleta e partir. Um desprendimento das coisas que ela não soube explicar. Deve ser a idade. Ele só tinha dezesseis.

Comentários

biel disse…
lindíssimo!
mas não posso me furtar a uma sugestão literária:
entendo a referência e a importância da última frase, mas acredito que uma leitura mais estasiante se encerraria na punúltima frase!
desculpe a intromissão!
hheheeh!

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