Eita mania besta dos prazos impossíveis!

É quase masoquismo, mas sem prazer. Vai mais pela necessidade do que pelo desafio - embora adore desafios. E vai apontando prazos impossíveis, como se não se conhecesse - ou como se não soubesse calcular o tempo.

Bom, conhecia as duas coisas muito bem: a si mesmo e o tempo.

A coleção de relógios. O almoço de dez minutos. A solitária (mas nem por isso triste) torta holandesa.

É quase auto-sabotagem, porque só faz isso consigo mesmo e é consciente. Sempre acha que vai dar um jeitinho. Bom, normalmente dá, mas a que preço?

É a mania das responsabilidades em excesso. Era velho para sua idade? Sai correndo atrás da bola que vai para a rua. A bola pula o muro. Ele pula o muro, vai atrás. Faz isso quando tem tempo, mas já não tem muito - tempo e o resto.

Um contentamento descontente. 

É a ansiedade que o consome. Vela que queima lentamente. Medo da juventude estar se esvaindo a areia da ampulheta que por vezes ele quer desesperadamente quebrar porque a cabeça por vezes pesa os olhos pesam está preso sem saber onde só sabe que está  e ponto e fim.

Mais um dia começa:

- Bom dia, mundo.

P.S. Voltara a ser o Coelho da Alice, embora nunca se atrasasse. Antes fosse ele a própria Alice.

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