Diário: Porque amigo é para essas coisas

Ela me viu de longe e fez tchauzinho. Ainda não me acostumei com seus cabelos compridos.

- Como você tá linda!

Fazia muito tempo que eu não via a Diva Ruiva. Se não são os horários que não batem, ela cancela por algum motivo. É essa a tradição. Essa é a nossa dinâmica. Ela é meio doidinha - eu já disse isso? Mas é e é incrível como a gente se entende. Uma coisa meio Avon: "A gente conversa, a gente se entende." Sob muitas perspectivas, somos opostas. Mas acho que não há ninguém que me respeite como ela, que não me julgue, que me aconselhe sem fazer com que eu me sinta uma criança imatura.

De questões filosóficas a papos de mulherzinha - sim, discutidos com toda a dignidade neles contida. E sim, os relacionamentos. Acho que nunca falei tanto sobre isso com alguém. A gente fala sobre eles na esperança de entender como a vida funciona porque, de fato, não entendemos. E continuaremos a falar sobre eles, fato.

E aguentamos as dores de cotovelo uma da outra, altos e baixos, fins de namoros, amantes limitados, histórias lamentáveis. Talvez o nosso laço tenha se estreitado justamente nesses momentos, os de crise, quando uma se apoiava na outra. Nos unimos aos outros pelo riso ou pelas lágrimas. Acho que no começo, nosso laço se deu pelas segundas. Mas depois as coisas tomaram outras cores, outros matizes - graças a Deus, porque ninguém consegue viver só de drama, não?

Mas não nos limitamos a ser muletas emocionais, porque somos mais do que isso. Somo pessoas de carne e osso em busca de... Tudo! Acho que eu passei a ter a mente mais aberta para a vida depois de conhecer a Diva Ruiva (agora morena) e ela foi, sem dúdvida, umas das pessoas mais verdadeiras e honestas que conheci nos últimos anos.

Seja na nossa embriaguez confusa e profusa, seja na nossa sobriedade bela e singela - como a de hoje - entre sorvetes e cafés, gosto muito de saber que você está aí. Para me acompanhar e ser por mim acompanhada. E agora levada de carro em casa!

Minha amiga, sei que você é fã de declarações públicas de afeto - isso me soou tão orkut - e, por isso, decidi me expor mesmo aqui, sem me importar com os chatos que bisbilhotam o meu blog. Espero ver você ainda com muitos cortes de cabelo e cores variadas e assuntos variados e histórias e crises e recomeços.

Você define para mim o que é amizade. Obrigada.

Comentários

Anônimo disse…
Eu realmente adoro as demonstrações públicas de afeto - mesmo que de vez em quando elas me deixem sem reação, como dessa vez. Fiquei sem reação não só pela manifestação, mas de perceber a sincronicidade de idéias, a afinação de tom. O mais engraçado é que essa semana citei a frase "o amigo certo se reconhece em uma situação incerta". E é verdade: não subestimando o poder de outros vínculos "amigáveis" (todos tem sua razão de ser - até mesmo os de ocasião), os de verdade são aqueles que sabem que erramos, que temos manias idiotas, que não vamos mudar, que a moral pode ser questionável, que sabem do nosso lado z...e se ainda assim gostam da gente, nada mais natural que haja admiração pelo que essa pessoa tem de bom; na verdade o que tem de bom ganha um plus, assim como tudo que é compartilhado. Já conversamos sobre admiração: se aplica a várias esferas. Também já conversamos sobre respeito e diferenças: na prática somos opostas; mas quero registrar aqui (embora você já saiba) o quanto eu a respeito e principalmente admiro e gosto de você. Mesmo que eu não me emende em certas coisas, tem outras pelas quais eu morro de orgulho e agradecimento: dos meus amigos de verdade, por exemplo. Você tem cadeira cativa aqui, Frau Forster. Sempre teve. Obrigada, minha amiga!

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