Trauma junino: eu nunca fui noivinha!

Casar nunca foi a minha praia, mas por que será que eu me ressinto tanto de nunca ter sido noiva nas festas juninas? Amava dançar quadrilha, mas sempre sobrava, ficava com os meninos que nunca queria - o que faz de mim a menina que ninguém queria. Tomara que nenhum deles se ressinta disso...

Mas não me ressinto pela rejeição masculina: o que me deixava triste era nunca estar em evidência, puxando a fila de meninas. Em outras palavras, eu queria aparecer, nada mais do que isso. Os vídeos de família confirmam tal fato.

Muito tempo se passou e mais de uma pessoa já que quis para noiva - de verdade, no mundo real. Mas passei a simpatizar muito mais com a viúva alegre... Embora não queira ser nenhuma das duas. Deve ser coisa da idade...
O fato é que estão me querendo para noiva da quadrilha junina da escola:

- Você tem cara de noiva, professora!

Torci o nariz tentando entender o porquê daquilo:

- QUÊ?!

Bom ou ruim, era esse o fato. Ser noiva de quadrilha depois de velha, pode? E antes que eu me esqueça:

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

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