Tangerine ou Sobre a citricidade e a criticidade

"Tire esse azedume do meu peito!" cantou Marcelo Camelo, mas as raízes não são profundas assim para mim. É só um aporrinhamento superficial, um materlar constante e rítmico na minha cabeça, água pingando sobre minha testa enquanto estou amarrada a uma cama, sem poder me mover. Já teve essa sensação?

"Superficial como um espinho", cantou o Nasi e é bem por aí. Mas o incômodo é o mesmo. Até passei a ensaiar uns jogos ligeiros de palavras: "Se você não mudar, me mudo eu!" Mas não dou mais para o drama, acho que a vocação que tinha morreu ano passado. Agora, eu quero tudo bem acertado.

Por que será que o outro não entende que o que me irrita não é a jornada tripla, a burocracia, o preço da gasolina, os pés que não esquentam nunca? O que me irrita é esse próprio outro que despreza a minha vivência, infantiliza minhas ações e me critica como o tiquetaquear de um relógio analógico.

A crítica vazia de sentido tem efeito inverso ao que se espera dela - progresso. Mas é isso mesmo o que se espera?

Um consolo saber que Robert Plant cante para mim: "Tangerine, tangerine"


Azeda não: sou cítrica. Eufemismo barato, mas simpático. Mesmo porque, não dá para ser doce 100% do tempo, né? Aí é a condescendência criminosa de olhar bovino e vegetal.

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