Sobre véus, vendas e perguntas sem resposta ou Dias de grão de areia
Quanto mais o tempo passa, mais claras as coisas vão ficando. Carrego esse discurso há alguns anos já. E quando acho que estou totalmente lúcida e vendo tudo com absoluta clareza, me acontece alguma coisa e percebo como sou pequenininha, como não sei de nada, como não sou nada.
Mas é bom ser grão de areia...
Há algumas vendas que vamos desamarrando. Tinha uma caixa cheia delas, nem sei que fim levaram. Mas sei que ainda há várias e vários nós para serem desfeitos. Assim como vários laços.
Os véus parecem ir caindo conforme a gente vive certas coisas. Será que só é assim comigo? Eles vão caindo e eu ansiosa para saber o que vem depois. Sim, e o que vem depois? As descobertas, que parecem não ter fim, são um estímulo a quem quer esteja aberto para a vida. Vamos? Conforme sente e experimenta algumas realidades, sentimentos, temperos, a gente vai percebendo coisa curiosa: a vida é mais simples do que parece - mas também mais complexa. Incoerente isso? Não, não é.
Porque algumas coisas vamos percebendo que são até que bem simples e elas ficam claras, já outras deixam claro que são complicadas mesmo. Entretanto, pelo menos assim você sabe por onde trilha: ovos, que seja. E como diz o ditado: se você tem os ovos, faça um omelete - acompanhamento para a limonada.
Mas tem coisas que são demais para um grão de areia...
Um amigo me fez uma pergunta ontem e eu não respondi na hora. Se a pergunta não é pronta, a resposta não vai ser pronta. E também não respondi depois. Comecei a especular uma resposta com ele. E nada. Uma pergunta pessoal e complexa. E eu, nada. A mesma pergunta que eu tinha feito para ele e ele na lata me responde. E a minha lata é ferrugem, porque eu não sei a resposta.
Procurei no batom que foi embora, nos olhos que deveriam ser pretos, no esmalte escuro que você adora... Procurei por fora, porque dentro de mim ela não mora.
Porque ainda estou pensando na pergunta e fui dormir pensando no que há de errado comigo, porque devia ser uma coisa simples de se responder. Mas se não há, deve ser um sinal. De...? Fim dos tempos, talvez, ando apocalíptica, é a vida.
Tudo o que sei é que quando encontrá-la - é provável que a gente trombe na rua e se derrube, como de costume - vou trancá-la numa gaveta e pendurar a chave no pescoço: a resposta é só minha.
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