Porque eu sou crítico, benhê! ou Uma geração de chatos
(ou Como ser um chato)
A febre do momento é ser crítico. Todo mundo é crítico. Todo mundo se acha crítico. Todo mundo de acha no direito de criticar - o que quer que seja.
Correndo o risco de ser impalada, declaro que não sou a maior fã de Stand up comedy. A maior parte do que vejo são os ditos humoristas criticando o que todo mundo critica. Não vejo muita coisa nova sendo sugerida ou produzida por essa geração. Tá ruim assim? Proponha algo melhor.
Essa geração é a minha geração. Não vota em ninguém porque se acha crítica o bastante para falar que ninguém presta e, como forma de protesto, não escolhe ninguém. Okay, é um direito e uma posição dos quais eu discordo - mas é a democracia, direito de quem escolhe ficar em cima do muro.
Porque para mim isso é sim ficar em cima do muro (droga, vou ser impalada de novo!), mas ficar em cima do muro não deixa de ser assumir uma posição: a posição da omissão. Só muito me irrita aguentar a cambada reclamando de um governo quando não se mobilizou para escolher alguém que não parecesse tão ruim. Porque eu também não sou nem um pouco fã da nossa situação política atual (parêntese irrelevante: se eu acreditasse em inferno, diria que vai ficar lotado com a trupe dos desonestos aí)
Mudando de área, volto a dizer que é bastante cansativo ouvir as críticas sobre Luan Santana, Restart, Justin Bieber e Cia. Acredito que eles devam ter lá o seu valor, já que têm tantos fãs. A cada coisa o seu devido valor, é o que eu sempre falo. Então o problema não é gostar de Restart, mas compará-lo aos Rollings Stones, pois são duas coisas bastante diferentes. Isso é inegável.
O grande problema é ser crítico a respeito de coisas que não se entende. Por exemplo, acho muito chato gente que não dirige (nem pretende) e fica palpitando na direção do motorista. Você manja do volante? Não? Entendo perfeitamente que é legal ter o olhar de alguém de fora (seja lá o que for), mas é necessário um certo conhecimento para criticar certas coisas.
Canso de ouvir críticas à educação e aos professores, sendo que as tais críticas vêm de pessoas que nunca entraram numa escola de periferia ou numa sala de aula qualquer e não fazem a mínima ideia do que é ensinar. Não, não é arrogância da minha parte falar desse jeito, porque eu sei o que é isso, porque eu vivencio isso - e não fico lendo notícias de jornal e especulando sem qualquer conhecimento menos superficial.
Não defendo a tirania no melhor estilo: É proibido criticar, mesmo porque isso me soa deveras ditatorial. Só acho muito válido pensar na utilidade e relevância de cada crítica que fazemos. Exemplo exemplar:
Amigos jogam vôlei descontraidamente na praia, um que está sentado e não está brincando exclama energica e seriamente:
- Mas vocês estão jogando errado! Fulano, joga mais fraco e mais para a esquerda.
E mesmo quem faz críticas úteis e relevantes o tempo todo torna-se, no mínimo, um chato, em vias de insuportável. E ninguém gosta de gente assim. O segredo é dosar nas críticas e relaxar um pouco também, né? Do contrário, "adeus estômago!" e convívio social.
- Ih, lá vem o chato...
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Clelia,tia