Sobre cafés, expectivas e tentativas

Ela voltou três dias depois ao mesmo atendente. Poxa, o cara trabalhava num centro cultural e manjava de Wittgenstein e de Pscinálise.

- Oi, tudo bem? - ela, alguma timidez.

- Tudo sim e você? - ele, sem qualquer timidez.

- Acho que você não se lembra de mim... - ela sorriu com um naco de esperança.

- Lembro: a menina da Virgínia Woolf.

Ela sorriu. Ele sorriu.

- Então... Eu estava pensando...

Deixou no ar, ela ficou olhando os cabelos bagunçados e os olhos tranquilos por trás dos óculos.

- Sim?

Deixou no ar, ele ficou olhando o vestido no joelho e o enfeite de flor nos cabelos.

- Então... Você não gostaria de tomar um café comigo agora à tarde?

Ela sorriu. Ele sorriu, triste.

- É que eu já tenho compromisso.

Na aliança na mão dele, ela leu: compromissado.

- Ah, me desculpa: eu não tinha reparado.

- Tudo bem, sem problemas.

Ela: suspiro.

- Bom, não custa arriscar.

- É - ele sorriu triste.

Ela tinha vindo de longe só para vê-lo e tentar a sua sorte. Enfim. Sorriu de volta e se despediu dele: um tchau resignado e suave.

(Ele: suspiro)

Comentários

Larissa disse…
é preferível tentar do que nunca saber o que poderia ter sido, é o que eu sempre digo XD

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