Maurício+Malu: Evergreen

No começo era o  verbo

Certa tarde de inverno, Maurício e Malu estavam num parque, conversando. O sol só fornecia luz sem calor. Ambos agasalhados obervavam a tarde azul de vento frio, mas um dia tão bonito. O passado, já passado, era por vezes repassado, mas concentravam-se no [seu] futuro.

- Sabe... Você não precisa se preocupar com isso. Eu sou constante. O problema são os outros - ela sorriu, ajeitando a boina rosa-chá que escorregava pelos seus cabelos lisos.
- Por quê os outros? - ele quis saber, arrumando o chachecol.
- Bom, eu nunca deixei ninguém: sempre fui deixada - disse ela sem qualquer sinal de auto-piedade - Sei lá, talvez eu simplesmente não seja tudo aquilo que pensei - olha para um passarinho lá no alto - Acontece. Ou de repente tem alguma coisa errada comigo - pensava ela no desfecho [deveras] desagradável e um bocadinho recente.
- Malu, eu nunca vou te deixar - disse Maurício sério, segurando sua mão.

A expressão de Malu era uma exclamação:  sua intenção era mostrar para Maurício o quanto levava tudo aquilo à sério. Todavia, acabava sendo surpreendida por ele. 

- Quando eu disse aquilo sobre sempre ser deixada... Eu não quis me fazer de vítima não, sabe? Me fazer de "coitadinha". Reconheço que somos responsáveis, em grande parte, pelo nosso próprio sofrimento.
- Eu sei disso. Concordo com você em gênero, número e grau. Sei que você não quis se fazer de vítima indefesa. Mas eu estou dizendo o que eu sinto: eu não vou te deixar. Só se você não me quiser mais.  Aí não tem nada que eu possa fazer, pois meu alcance é limitado. Não vou nunca te impor nada, muito menos o meu amor.

Ouvindo Lover come back to me (Lily Frost)

Comentários

Sirius disse…
O frio tem, por vezes, essa magia de romance no ar... muito bonito o post, como sempre.
Gosto desse casal; não é artificial, não é televisivo como o Edward e a Bella tão sem sal da sessão da tarde. Não é previsível como Rachel e Ross de Friends, ainda que sim, sejam adoráveis a meu ver; é comum e ao mesmo tempo incomum nos dias de hoje, no qual piadas sobre casamento ser como a Paulista(que começa no paraíso e termina na consolação) tornem-se realidade com mais freqüência do que deveriam. Não é caducifólio como alguns casais dos dramáticos românticos do século XIX, frios no chão da floresta, encobertos por um dossel e envoltos por um ar viciado; é perene como uma floresta tropical, cheia de diversidade e beleza natural, ainda que esteja se tornando rara e muitas pessoas a vejam mas não a enxerguem...

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