Vestido de noiva
Ela, que disse que nunca ia se casar de véu e grinalda, apareceu vestida de noiva. Tão linda. Ele ficou olhando a delicadeza dos brincos de pérola, imaginando quantas coisas não gostaria de ter sussurrado em seu ouvido.
Lembrou-se de quando a conhecera: quem olhasse para ela não teria lhe dado muita importância. Mas ele sabia ver coisas que os outros não viam. Quem tivesse reparado na sua blusa de renda branca e na saia azul marinho - dois dedos acima dos joelhos arredondados -, nos olhos mornos e adocicados, no queixo delicado, mas resoluto, na firmeza das mãos saberia que ela não era comum.
Da última vez, tinham ido jantar juntos e a noite acabara com ele a levando para [a] casa [dela] e voltando para sua esposa. Mas um pedaço dele tinha ficado na rua onde conversaram sobre o estranho relacionamento que vinham mantendo. Achava agora que encontraria uma parte de si caso passasse por lá. Talvez outro pedaço estivesse perdido para sempre - ela o tinha levado embora. Era mais letal do que se poderia julgar a primeira vista e agora ele sabia. Vê-la depois de dois ou três meses trazia a tona uma série de sentimentos contraditórios e ele ficou confuso. De novo.
- Muito bonita a sua fantasia - ela sorriu, olhando para ele.
- A sua também - ele respondeu.
- Não é fantasia - disseram os olhos mornos.
- Ah! É pra valer? - engoliu ele em seco o seu orgulho e o seu temor.
- Pra valer o quê? O casamento? - ela riu - Não, mas o vestido é de verdade - disse ela mostrando o bordado das mangas.
- Ah! Engraçado, porque não é sua fantasia casar de branco, né?
- Não, mas é a de outra pessoa - disse ela vagamente.
- Ah! Não sabia que estava noiva... Meus parabéns! - sorriu ele em choque: "em dois meses ela fica noiva?"
- Não estou noiva, nem pretendo casar. Ele me disse que eu devia ficar linda de noiva.
- Ele? - a sua cara era a de ponto de interrogação.
- Só estou comprovando que ele estava certo - ela sorriu.
- Bom, você está ótima mesmo - disse ele e pensou "ótima? que elogio é esse?" - Ah! Então está namorando?
- Isso. Daqui a pouco ele chega. Aí eu te apresento - provocou ela.
- Vai me esfregar o namorado na cara? É isso? - disse ele, sem conseguir se segurar, com um sorriso nervoso no rosto.
- Bom, você nunca soube o que sentia por mim. Ele sabe. E que culpa eu tenho se temos amigos em comum e a gente vem para a mesma festa que você? - disse ela cinicamente.
- Olha, eu não estou te cobrando nada, você sabe... - disse ele já arrependido.
- Nem poderia, nunca tivemos nada - ela deu ombros, desenhosa.
- Lá vai você com essa história! - irritou-se ele.
- Estou mentindo? - ela colocou as mãos na cintura, mau sinal.
- Você me machuca toda vez que fala assim - confessou ele com os olhos baixos.
- Cadê a sua esposa, hein? - agora era ela quem se irritava.
- Pegando um bebida. Vai me esfregar a esposa na cara também? - perguntou ele cínico.
- Não, essa você tem me esfregado na cara nos últimos anos, não?
Ele sabia ver coisas que os outros não viam. Todavia, nunca soube o que fazer com isso e perdia oportunidades como um jogador perde tudo numa mesa de pôquer.
- Ah! Não sabia que estava noiva... Meus parabéns! - sorriu ele em choque: "em dois meses ela fica noiva?"
- Não estou noiva, nem pretendo casar. Ele me disse que eu devia ficar linda de noiva.
- Ele? - a sua cara era a de ponto de interrogação.
- Só estou comprovando que ele estava certo - ela sorriu.
- Bom, você está ótima mesmo - disse ele e pensou "ótima? que elogio é esse?" - Ah! Então está namorando?
- Isso. Daqui a pouco ele chega. Aí eu te apresento - provocou ela.
- Vai me esfregar o namorado na cara? É isso? - disse ele, sem conseguir se segurar, com um sorriso nervoso no rosto.
- Bom, você nunca soube o que sentia por mim. Ele sabe. E que culpa eu tenho se temos amigos em comum e a gente vem para a mesma festa que você? - disse ela cinicamente.
- Olha, eu não estou te cobrando nada, você sabe... - disse ele já arrependido.
- Nem poderia, nunca tivemos nada - ela deu ombros, desenhosa.
- Lá vai você com essa história! - irritou-se ele.
- Estou mentindo? - ela colocou as mãos na cintura, mau sinal.
- Você me machuca toda vez que fala assim - confessou ele com os olhos baixos.
- Cadê a sua esposa, hein? - agora era ela quem se irritava.
- Pegando um bebida. Vai me esfregar a esposa na cara também? - perguntou ele cínico.
- Não, essa você tem me esfregado na cara nos últimos anos, não?
Ele sabia ver coisas que os outros não viam. Todavia, nunca soube o que fazer com isso e perdia oportunidades como um jogador perde tudo numa mesa de pôquer.
Ouvindo Girl least likely to (Morrissey)
Comentários
Muito bonito... AMO poker :P
Bjs
beijos,