Da ligeireza de um ser apaixonado
De boba só tenho cara. Adoraria dizer isso, mas estaria mentindo. Todavia, já não sou tão boba assim. Reconheço com certa facilidade certas coisas. E eu o reconheci naquela tarde de sábado, quando o avistei numa estação de trem. Ele não tinha me visto e eu tive o prazer secreto de observá-lo a distância.
Ao nos encontrarmos na cafeteria, disse-lhe que o tinha seguido. E em seus olhos li um espanto adocicado. Muita conversa e alguns cafés. Mãos dançando sobre a pequenina mesa. Por que não se encontram? Pois se eu já sei ler olhares... Ele me fala sobre o mundo dele, um mundo recheado de sons e cores que eu desconhecia. Como podemos ser seres únicos e ainda assim complementares? (1 + 1 = 2).
Ele não sabe como se aproximar, mas eu sei como deixar. E deixo, vou contando muitas coisas, plantando palavras inocentes. As mãos continuam passeando pela mesa. Dançam sozinhas. Entrego tudo: minhas mãos estão abertas sobre a mesa. Ele as segura, cuidadoso e gentil, e se entrega mais ainda:
- Sabe, eu gosto mesmo de você...
O encontro das mãos. Dançam juntas. Bolero. O passo é o mesmo. Assim como o caminho.
Comentários
Esse é o resultado de dar as mãos para Little Wing :P