Marlizinha, a apetitosa
O noivo olhava para Marlizinha:
- Meu amor, sabia que você é muito apetitosa?
Marlizinha, em seu vestido curtinho, fingia-se de tímida. Nada antes do casamento. Era esse o combinado - o que não impedia que ela o provocasse vez ou outra. Afinal, sobre isso nada tinham combinado.
Marlizinha era baixinha e roliça. A pele amorenada e tenra parecia dissolver no ar um perfume envolvente e sedutor. Todavia, quem a olhasse de longe, a declararia muito sem graça. Ao contrário de um quadro de Monet, ela só podia ser entendida a pouca distância. E o noivo, Astolfo, a entendia, pois a distância tanto sentimental quando física era mínima:
- Você é uma delíciazinha, sabia? - dizia ele de olhos gulosos, admirando a noiva.
Chegou finalmente o dia e Marlizinha estava toda exuberante no seu vestido de noiva não lá muito comportado. O modelo não combinava com a proposta de pureza do branco:
- Que gostosura! - susurrou um dos fotógrafos.
- Hum, olha essas curvas! - disse um graçom.
- Pena que casa hoje... - disse um copeiro.
- ... O que não faz dela freira - completou outro.
A cerimônia transcorreu tranquilamente, a despeito de alguns pensamentos escusos de certos convidados. Claro que isso não atrapalharia em nada, afinal, para a felicidade geral da nação não lemos pensamentos.
Depois disso, foram comemorar num grande salão decorado de dourado e branco. As duas famílias, os amigos e alguns colegas do trabalho.
Marlizinha, em seu vestido de tule, parecia não a noiva, mas o próprio bolo de noiva. E sendo deliciosa, apetitosa e de abrir o apetite... Bem, não se teve dúvida: Marlizinha foi repartida igualmente entre todos os convidado. Sua carne era realmente macia e doce.
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