Piiii... Piiii... Piii...

Ele olha o número chamando em seu celular: número restrito. Não atendo. Número desconhecido. Não atende. Número conhecido. Não atendo. Não atende porque não está a fim. Não atendo porque simplesmente não quero. Não estou em lugar adequado para falar sobre o que quer que seja - ou quem. O que é urgente não pode esperar, mas quantas são as coisas urgentes nas ligações que fazem em seu celular? Nem se lembrava de tão poucas. Só que as pessoas não sabem esperar. Achava engraçado quem dizia que o celular permite que os outros fiquem sempre atrás de nós e que não temos mais liberdade. Bom, ele exercia a sua liberdade de não atender.

Ou, melhor ainda, se reserva o direito de desligá-lo. O direito do silêncio sem destino, sem rumo, sem satisfação. Antes, vivia-se sem celular, então hoje se pode viver também.

[Magoado, rabisca num banco de ônibus:

Quem precisa de comunicação quando tudo o que se tem é monólogo?]

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