Sim, isso é a vida real [1]

De repente, despertou-lhe ternura. Coisa fina, coisa rara. Coisa que não se via desde a construção da arca de Noé - os bichos inocentes. Não era inocência, pois ela não existia mais. Eram jovens calejados na sua juventude de jovens adultos. E o mundo ainda guardava algum encantamento, oriundo, talvez, das primeiras esperanças perdidas.

Tinha uns dentes pequenos e branquinhos. E era emoção em estado puro - fosse para o bem, fosse para o mal. Mal? As sobrancelhas discretas e tinha uma coisa de abraçar as pessoas. Daí a ternura? Talvez. Talvez a gente absorva aquilo que o outro transborda.

A vida podia ser simples. E as coisas boas nem sempre dependiam de se correr atrás do que se queria: às vezes, era só uma questão de olhar o que estava debaixo do nariz, como cantava Itamar Assumpção - ou de, simplesmente, olhar quem estava sentado ao seu lado.

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