"Te vejo por aí"
Não foi isso o que dissemos, nem o que prometemos. Graças a Deus você não me fez essa promessa. Fez outras muitas e quebrou todas, mas essa não fez. Quanto a mim, bem, eu nunca prometi nada: sempre cumpro o que não prometo - meu olhar e meu afago.
Não trocamos mais cartas ou telefonemas ou carícias. Embore sua voz ainda ecoe suavemente pelas pareces da minha sala. E suas palavras brinquem aos meus ouvidos - como se ainda pudesse ouvi-las. Suas mãos ainda parecem brincar com os meus cabelos.
Não marcamos nada. Mas esbarrei contigo por esses dias. Achei que você devia saber. Uma música. Duas músicas. Três músicas. CDs antigos que gravei há tanto tempo. A sensação? Uma felicidade morna e aconchegante - gato ronronando em cima do sofá. Porque só ficou o que foi bom.
Eu nunca vou saber que você esbarrou comigo também, por esses dias, mas num romance. Numa poesia. Num livro. Época em que compartilhávamos o nosso amor pela palavra escrita. A sensação? Nunca vou saber que você ficou amuado e ainda bravo comigo. Não sei se ficou o que foi bom também. Ou talvez eu tenha sido substituível. As pessoas às vezes o são, embora eu prefira a visão romântica de que sou única.
Erramos os dois. Nossas decisões foram tortas, mas Deus não escreve certo por linhas tortas? Nossos passos errantes parecem nos trazer sempre de volta um ao outro, numa dança entre o claro e o escuro. Nuances de cinza, pois o colorido ficou no passado - embora o passado devesse ser em sépia.
Foi-se o tempo em que tudo me lembrava você - minha vida se preenche e transborda por outras fontes inesgotáveis - mas certas coisas são pontuais. E coloco as boas lembranças (vivinhas da silva) para dormir quando ameaçam me deixar melancólica. Quanto a você, não sei o que faz com elas, mas desconfio que as mande embora quando pedem para entrar na sua vida:
toc toc toc
Seja como for, para mim, o café preto com um bocadinho de chantilly é a personificação da sua pessoa. E sempre será.
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