Secretamente
Para Alline e para a Diva Ruiva
- Ele voltou a perguntar de você.
Ela levantou os olhos do prato, endireitou-se na cadeira e alçou as sobrancelhas. Foi então que seu rosto de transfigurou: perdeu o ar de menina e ganhou um ar de... mulher.
- Ah é?! - sorriu maldosamente.
Porque tinham lhe dito com firmeza há poucos dias:
- Você não é mais uma menina: é uma mulher.
E ela tinha ouvido como se soubesse desde sempre, mas deixasse aquilo guardado numa gaveta esquecida ou debaixo da pilha da rotina.
E já fazia um ano. Agora ele, casado. Mas parecia que, se as coisas tinham passado para ela - mandarim, viagem ao Chile, emprego melhor, novos amigos -, para ele, alguma coisa ainda continuava. Nem que fosse uma curiosidadezinha. De quê? Se ela tinha sido deixada? A vida continuava, oras.
E ela? Ela não se escondia mais. Aprendera a entrar nos lugares, olhar e sorrir para todo mundo. Agora, despudoradamente, ela sustentava o olhar do homem misterioso que todo dia a encarava no metrô. Expunha as pintas de suas costas macias. Expunha sua opinião sem medo. Expunha suas ideias sem temer que fugissem dela - de novo.
Ela duvidava que ele tivesse se livrado das cartinhas, bilhetes e acrósticos sentimentais, cafonas e adoráveis que ela tinha lhe escrito. Porque ele ainda perguntava por ela. Queria saber por onde ela andava, com quem andava, o que fazia. Ele ainda pensava nela toda vez que ia a um restaurante japonês. Toda vez que ele ouvia Nando Reis. Toda vez que vez chegava cansado do trabalho.
Ele a tinha feito dispensável. Mas ela tinha feito a si mesma inesquecível. Secretamente, tudo aquilo tinha lhe acontecido e ela transordava mulher em vestido vermelho.
Ela levantou os olhos do prato, endireitou-se na cadeira e alçou as sobrancelhas. Foi então que seu rosto de transfigurou: perdeu o ar de menina e ganhou um ar de... mulher.
- Ah é?! - sorriu maldosamente.
Porque tinham lhe dito com firmeza há poucos dias:
- Você não é mais uma menina: é uma mulher.
E ela tinha ouvido como se soubesse desde sempre, mas deixasse aquilo guardado numa gaveta esquecida ou debaixo da pilha da rotina.
E já fazia um ano. Agora ele, casado. Mas parecia que, se as coisas tinham passado para ela - mandarim, viagem ao Chile, emprego melhor, novos amigos -, para ele, alguma coisa ainda continuava. Nem que fosse uma curiosidadezinha. De quê? Se ela tinha sido deixada? A vida continuava, oras.
E ela? Ela não se escondia mais. Aprendera a entrar nos lugares, olhar e sorrir para todo mundo. Agora, despudoradamente, ela sustentava o olhar do homem misterioso que todo dia a encarava no metrô. Expunha as pintas de suas costas macias. Expunha sua opinião sem medo. Expunha suas ideias sem temer que fugissem dela - de novo.
Ela duvidava que ele tivesse se livrado das cartinhas, bilhetes e acrósticos sentimentais, cafonas e adoráveis que ela tinha lhe escrito. Porque ele ainda perguntava por ela. Queria saber por onde ela andava, com quem andava, o que fazia. Ele ainda pensava nela toda vez que ia a um restaurante japonês. Toda vez que ele ouvia Nando Reis. Toda vez que vez chegava cansado do trabalho.
Ele a tinha feito dispensável. Mas ela tinha feito a si mesma inesquecível. Secretamente, tudo aquilo tinha lhe acontecido e ela transordava mulher em vestido vermelho.
Comentários
adorei num grau que não dá pra explicar, Lari!
(e que timing! :"))
:*