Laços, tesouras e papel de presente.
Para a moça de Limeira.
A: - Não.
B: - Não o quê?
A: - Não quero.
B: - Não quer o quê?
A esconde suas mãos nos bolsos.
B: - Ah.. Isso? Por quê?
A: - Já prevejo as algemas e a sucessão de aprisionamentos.
B: - Algemas? Algemas onde, meu Deus?
A: - Aí, dá pra ver pendente do seu bolso.
B olha o próprio bolso - sabendo não haver nada - e não vê nada.
B: - Devem ser algemas imaginárias, só você vê. Sem gaiolas, sem algemas, sem contrato assinado e carimbado em três vias.
A se esconde atrás dos óculos escuros.
A: - Não sei não. Você vai acabar podando a minha liberdade, tenho certeza. E isso eu não permito.
B: - Mas é você quem está falando de algemas, não eu. Se você topasse se arriscar, eu poderia te mostrar como as coisas funcionam pra mim. Já expliquei, mas explicar é diferente de viver.
A: - Melhor não. Sou ainda jovem demais e não quero em apegar a nada nem a ninguém.
B: - Ah. Entendo. E respeito isso.
Silêncio.
B: - Bom, se você pensa assim não tem nada que eu possa fazer. Sei da minha capacidade de persuasão, mas também sei que ninguém muda ninguém. A vida é muito simples. Não sei se o seu negócio é medo, neura ou desinteresse mesmo.
B sorri, triste. Tesoura em mãos.
B: - Mas, seja como for, não me serve.
A: - Ei! O que você fez?!
B: - Cortei o laço frouxo que juntava a gente.
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abs