Diário: Tetro e eu
Ia ao cinema sozinha. Fazia questão. Mas fazia tempo que não via umas amigas, então convidei-as. Toparam a princípio, mas desmarcaram depois. Normal, acontece. E eu precisava de um tempo sozinha mesmo, em silêncio. Quando digo silêncio, quero dizer o meu silêncio. Se tem uma coisa que eu aprendi esse ano foi a falar menos, me expor menos, palpitar menos. Exposição de idéias bem sucedida não é garantia de sucesso - seja qual for o campo/assunto/área.
Em quarenta e cinco minutos eu estava na Avenida Paulista! Só em período de férias mesmo para uma façanha dessas. E claro que fui pelo caminho que me foi ensinado recentemente, muitíssimo mais rápido e agradável.
Bicho-papão decoração infantil, dizia a placa.
Era isso? Bom, eu não ia querer ser a criança dona do quarto não.
Cheguei cedo à beça e fui passear numa galeria em frente ao cinema. Roupas, sapatos, livros (!). Namorei alguns, mas nada sério. Olhei uns colares na loja do casal japonês. Olhava por olhar e antes que o simpático senhor me oferecesse mais alguma coisa, me despedi e saí da loja. Subi para o segundo andar da galeria. Uma vista bonita. Brisa suave. Era alto, realmente alto.
* contém spoilers!
O cinema finalmente abriu, desci e comprei meu ingresso. O filme que assisti foi Tetro (2009) do Francis Ford Coppola, dica de um amigo meu. Eu tinha gostado do trailer e realmente gostei do filme. Não, eu não sou nenhuma entendida de cinema, mas simplesmente acho que é um filme muito bom, a despeito de ser do meu agrado ou não. E eu sabia que conhecia a bela Maribel Verdú de outros carnavais: a atriz fez a personagem Mercedes em O Labirinto do fauno (2006) de Guillermo del Toro - outra dica de filme excelente.
A trilha sonora é deliciosa, recheada de música clássica, e os efeitos especiais são interessantes - confesso que quando li nos créditos de abertura "efeitos especiais" fiquei preocupada. Gostei dos jogos de luz e sombra, do coro de crianças, das mariposas em torno da luz, da versão de Fausto, das tomadas insistentes nos olhos de Tetro, do drama não derramado. O enredo é surpreende ou eu sou meio lerdinha? Bom, me surpreendeu e gostei. Simples assim.
Achei interessante que o filme não é colorido, mas também não é em preto-e-branco. O que seria então? Não sei definir, mas é como se fosse em tons de cinza. Não é um filme em preto-e-branco como os filmes antigos. Enfim. O legal disso é que a maior parte do filme é nesse "pseudo preto-e-branco", mas há vários momentos de cor intensa. Para saber quais são esses momentos e o porquê desses momentos, bom, vocês terão que assistir o filme!
Saí de lá mergulhada em meus pensamentos e me bateu uma suave melancolia. E por pouco não perco o ônibus, quase sendo levada pela brisa.
Para quem se interessou:
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