Conversando com o Jornalista [3]: Porque as almas-gêmeas estão por aí
O beijo (Rodin, 1888) |
Foi aí que o Jornalista comentou - com ou sem embaraço - que acreditava em alma-gêmea. Ah! De novo, supreendida. Lembrei então de um primo muito querido, um pouco mais velho do que eu, tentando me convencer que existem sim almas-gêmeas. Sim, ele também acredita piamente nelas.
(e eu - com claro embaraço - tratei de logo explicar ao Jornalista o meu ponto de vista)
E aí eu pergunto: onde estão as mulheres que acreditam nisso? Não conheço nenhuma: descrença geral - o que é sintomático. E quando vou ouvindo as histórias... Bom, faz sentido. Penso. Sinto. Acho.
E pergunto ao Jornalista:
- Tá bom. Você acha a sua alma-gêmea... E a perde, seja por morte para outro mundo seja por morte do amor que se foi. O que se faz?
Aí o Jornalista veio com uma tese interessante: a de que teríamos almas-gêmeas para diferentes épocas de nossas vidas, para diferentes momentos. O que é bastante confortante, porque o que me mata desse discuros de alma-gêmea é que é algo muito definitivo - é uma vez e nunca mais?
Se você amou intensamente uma vez e acabou... Quer dizer que você nunca mais vai amar de novo? Uai! Isso não me parece razoável. Quer dizer que a gente vai passar o resto da vida sozinho? Nah. Suspeito de tudo que seja radical assim, permanente assim, taxativo assim, drástico assim. Não só suspeito: simplesmente não aceito.
Agora eu consigo até simpatizar - veja bem, simpatizar - com a teoria do agradabilíssimo Jornalista segundo a qual você poder ter várias almas-gêmeas alo longo de sua vida. Claro que eu não fiz uma pergunta óbvia:
- O que você entende exatamente por alma-gêmea?
Alguém com quem você tem química? Afinidade? Uma ligação espiritual? Leitura de pensamento? Ambições em comum? Alguém que te compreende? Uma pessoa que você parece conhecer desde sempre? Um amor que nunca acaba? Panco - dedicação total a você?
Brian Molko canta tão bonito soulmates never die e talvez, caso existam, não morram mesmo: primeiro porque todas aquelas que fazem parte de nossa vida e de nossa história acabam fazendo parte de quem nos tornamos, de quem somos; segundo porque se a vida se renova, nós nos renovamos com ela e assim também o fazem as almas-gêmeas. Seria isso?
Ouvindo Vermelho (Marcelo Camelo)
Ouvindo Vermelho (Marcelo Camelo)
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