Inexperientes
É a sua primeira ida ao hospital sob aquelas condições. Desmaios, tontura, um enjôo insuportável. Tudo freqüente. A médica tira sua pressão: 10 por 6. A menina não tem idéia se isso é bom ou mau. Nunca ficava doente. Nunca ia ao hospital. A médica e o pai a olham assustados (aquela coisa bem de adulto):
- Nossa! Sua pressão está bem baixa mesmo!
- Sempro ando com um tiquinho de sal na bolsa - mente a menina.
A médica faz uma série de perguntas à menina. Alimentação saudável. Atividade física freqüente. Mas ela não descansa. Sem fins de semana. Sem momentos de lazer. Era gigantesco o número de filmes que tinham saído de cartaz sem que ela os tivesse assistido.
E o diagnóstico da médica foi o mesmo de seus pais: stress. A menina faz uma careta: é mais fácil tomar remédio do que mudar hábitos. Como ela odiava mudar! Como ela não gostava quando seus pais acertavam! A médica pede que ela se dirija a uma saleta: vai tomar soro na veia.
Está muito frio e a menina ganha uma coberta. É a primeira vez que se deita numa cama de hospital. Bom, pelo menos o motivo é bobo... Menos mal assim, né? Ela está muito cansada, acha que vai cair no sono fácil fácil. Bocejo. Chega um enfermeiro com o material para o soro. Ele gasta mais ou menos uns cinco minutos para achar a veia da menina. E ela não sabe se isso é normal ou não. O enfermeiro finalmente encontra uma veia tímida e a menina começa a receber o tal do soro.
A menina cai no sono diversas vezes e acorda diversas vezes também. E nesses intervalos, o enfermeiro vai olhar como estão as coisas. Sempre muito sério e concentrado e seguro. Até que ele percebe que há alguma coisa errada: o braço da menina está visivelmente inchado.
- Você não está sentindo nada diferente?! - pergunta ele, visivelmente preocupado.
- Ah! O braço está bem dolorido e um pouco inchado, mas não é assim mesmo?
- Vou chamar meu superior - diz ele saindo chispando da sala.
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