Máscara [1]

Ele a surpreende na saída do serviço:
- Oi! Tudo bom? - diz nervoso.
- Nossa! Você por aqui? Que saudades! - ela sorri e o abraça, sem muito sucesso. Era sempre aquela resistência... ou não.
- Queria falar com você... - estrala os dedos.
- Está tudo bem? 'Cê tá mais agitado do que o normal - ela pára de andar e o encara, preocupada.
- Está sim, está sim. É só que... eu não sei... eu precisava falar com alguém...
- O que foi?
- Eu não sei o que fazer... Eu tô namorando, você sabe, né?
- Não, não sabia - conteve ela o seu espanto aterrador.
- Bom, eu tô. Passei o feriado com minha namorada em Santos. Foi tudo perfeito...
Ela continuava sem entender nada.
- E? - esperava ela.
- Exceto pelo fato de que eu passei esse bendito feriado pensando numa outra menina - disse angustiado.
- Ah! - ela deixou escapar o seu espanto - isso é complicado...
- É... Não sei o que fazer... - o olhar dele era fixo e firme.
Ela hesitou:
- Você está apaixonado?
- Não sei, não sei o que sinto por ela - demorou ele a responder.
- Hum. Você já pensou em falar com ela? Ela sabe de alguma coisa? - perguntou ela.
- Não sei, acho que não.
- Porque se você gostar, corre atrás ué! - disse ela com entusiasmo.
- Já não sei de nada... - disse ele muito triste e olhando no relógio e mudando de tom - Agora tenho que ir ou perco o fretado.
- Certo. Espero que consiga definir melhor seus sentimentos.
Depois de ele ter se despido de sua couraça e de sua máscara e ter lhe mostrado os mais sinceros e secretos sentimentos, ela pensou que estariam mais próximos no encontro seguinte.
Ela estava com saudades e marcou um almoço. Pediram os pratos e as bebidas. Ao ser perguntado sobre suas resoluções, qual não foi a surpresa dela ao ouvir a resposta:
- Não quero falar sobre esse assunto.

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