Retrospectiva Sentimental 2009 [5]
Ele entrou atrasado na sala e chegou no meio da conversa. O assunto era namoro. Não namoro de modo abstrato: falavam do namoro de uma das cinco meninas do grupo. Ele era o único garoto. E o caçula (coisa que o desagradava em demasia). Apesar disso, não se sentia mal. Logo que avistou a carteira vaga ao lado dela - como de costume - , apressou-se e sentou-se silenciosamente, enquanto a conversa seguia.
Ela parecia menos triste do que de costume. Na verdade, seu humor oscilava tremendamente: ora ria descontroladamente ora se calava e seu rosto se enchia de uma tristeza azul e nortuma. Nestes momentos, ele percebia um grito de socorro ecoando de seus olhos. Ela nunca havia verbalizado nada. E ele não sabia como se aproximar. Mas ela estava mais leve naquele dia. Seus olhos eram de verão.
- Já estamos juntos há alguns anos e acho que qualquer relacionamento requer cultivo: ele não nasce pronto e tem gente que não entende isso de jeito nenhum!
Então ele entendeu: elas falavam do namoro dela. Ei! Ela tinha namorado? Desde quando? Nunca tinha dito nada! Como podia aquilo? Ele a encarou por alguns minutos, sem acreditar nas coisas que ela ia falando sobre vida a dois. Sentiu-se estranho: uma mistura de sentimentos contraditórios pulsava serenamente dentro dele. E ela sentiu-se estranha também, ao perceber o olhar fixo dele.
E ele então viu a diferença de idade, de mundo, de ponto de vista. Sentiu-se um bobo por pensar que. E ,de repente, apesar de estar ao lado dela, ficaram tão distantes... (Pela primeira vez, reparou a aliança na mão dela).
Conversaram mais tarde, quando estavam por partir. Ela gostava muito dele, já lhe tinha dito. Achava-o muito maduro para sua idade e tudo mais. Despediram-se sem saber que nunca mais se veriam. Ela lhe escreveu algumas vez, mas ele nunca mais respondeu. Alguma coisa tinha acontecido e outra coisa estava acontecendo.
Comentários
me lembrou a mari falando do namorado dela e o leandro.:P
sara b.