Diário: True Blood
Quando já estava sentada bonitinha, braço estendido, perguntei sobre doação de plaquetas. A simpática enfermeira respondeu:
- Você tem que ligar para agendar: demora uma hora e meia para extrai-las. Olha, tem que ter uma veia forte para aguentar o retorno no sangue. As suas são até visíveis, mas finas e frágeis.
Olhei para as veias e depois para a enfermeira, como que me desculpando. Todavia, tão logo ela furou meu braço e começou a extrair o grosso líquido vermelho, comentou surpresa:
- Nossa, acho que eu me enganei: suas veias são fortes.
- Elas enganam mesmo - sorri.
E minhas veias são tão surpreendentes quanto eu. Há!
Hoje foi a primeira vez que doei sangue, em comemoração ao aniversátio de Charlie. Nunca tinha feito isso antes por causa do peso, mas, dessa vez, calhou de ele estar ok. Sim, a Charlie decidiu comemorar o seu 20º ano doando sangue.
Foi tudo rápido e achei a coisa toda muito interessante. Vida? Vida. Impossível não pensar em Thor e em todos os outros caras que conheço com medo de agulhas. Só o que me assustou foram as minhas respostas ao questionário da médica: me senti terrivelmente pacata. Não viajei para lugar nenhum, não pertenço a qualquer grupo de risco, não fiz isso nem aquilo... Puxa! Me senti a pessoa menos interessante de todo o mundo, mas também sem qualquer vontade de sê-lo, se para isso eu precisasse responder "sim" a qualquer pergunta feita pela médica. Ah! Posso até ser a pessoa menos interessante do mundo, mas pelo menos alguém cujo sangue (oriundo de veias surpreendentes) pode salvar vidas. É um consolo.
Ouvindo My body is a cage (Arcade Fire)
Comentários
Gostaria de doar sangue. Mas, meu trauma, devido ao meu acidente esta, ainda, mais forte.
Quem sabe um dia passa.
Se passar te aviso Bukowski nacional e feminina.
Parabéns pra vc por seu gesto solidário...
(Ah, vc não é desinteressante, vc tem vasta leitura, quer mais viagens do que isto proporciona? Bom, então devo dizer que o que vc compartilha aqui no blog promove outras tantas viagens pra quem o lê (ou eu deveria dizer A LÊ? rs) ;)
Acho um gesto admirável. ;)