Dos clichês que abarrotam nossas vidas
Porque eu sou muito cismada sim com clichês: afinal, eles são uma fórmula pronta... Mas para quê? Para o suposto sucesso, para quando não sabemos o que dizer ou não queremos dizer alguma coisa?
Quem usa muleta é gente que manca...
Os clichês matam certas verdades. Eu, pelo menos, já estive em situações em que o discurso "não é você, sou eu" era sincero, mas não pôde ser usado porque seria tomado como desculpa esfarrapada das mais terríveis. E o que fazer se a pessoa era legal, mas eu não estava interessada? Não sou eu, é você. Ninguém tem obrigação de gostar do outro só porque o outro é legal também, né?
Cabelos compridos são um clichê que eu deixei para trás vai fazer um ano. Aquele papo que eu ouvi a vida inteira de que cabelo comprido é feminino blá blá blá os rapazes preferem cabelos compridos blá blá blá mulheres ficam mais bonitas de cabelo comprido blá blá blá. Dureza isso. De verdade. Deixar o cabelo curtinho foi uma das coisas mais libertadoras que já fiz. E já devo ter escrito sobre isso aqui.
Alguém me disse que certos clichês são obrigatórios, como beijo no happy ending. Dispenso o beijo e o happy ending, mas não a torta na cara da comédia pastelão. Nem sempre o óbvio é livre de encanto. Talvez um dos desafios da vida seja justamente encontrar encanto no vulgar, cotidiano, óbvio. E acho que talvez muitos clichês tenham um fundo de verdade. Talvez mesmo o lance dos cabelos compridos - mas, sinceramente, quem se importa? De repente eu posso até inventar novos clichês, mas que não podem ser só meus. Clichês são culturalmente partilhados por um grupo, não?
Mas acho que o problema dos clichês é que quando os usamos, ligamos no piloto automático e nem pensamos direito naquilo que fazemos ou falamos. Porque mancamos - ou escolhemos mancar? - e andar de muletas (emocionais?) é mais fácil do que tocar com as próprias pernas.
Comentários
Mistura total entre sentimento, filosofia, cinema e romance.
Amei o final.
Ganhou um fã na literatura, seja isso clichê ou não.