A Morcega: Sobriedade
Ele chegou com uma caixinha com fitilho dourado. O vinho sobre a mesa e o brilho de taças e velas em seus olhos escuros.
- Toma, pra você - entregou tocando-lhe levemente a mão.
A Morcega sorriu, desconfiava. Nada tinha de boba. Abriu a caixinha. Surpreendeu-se com o coração ainda fresco, ensanguentado. Belas veias e vasos. Cheiro de sangue fresco, coisa viva. Era Vida.
- Para mim?
- Sim sim sim.
- Mas olha, acho que você vai precisar dele!
- Não, agora está em suas mãos!
- Então o que vai bater no seu peito?
A Morcega refletiu: nunca faria tamanha tolice. Precisava de seu coração em seu peito - e não em escorregadias mãos alheias. Era fresco, coisa viva. Era Vida. Era a vida - dele.
Ouvindo Nada por mim (Paula Toller)
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