20 e poucos anos: Quadrilha

- Bom dia! - Lô entrou, abrindo as cortinas.

O cheiro de café devassou o quarto abafado.

- Olha! Trouxe pra você! - ela mostrou o copo - Starbucks! Sei que você adora... Enfim.

Raul levantou as sobrancelhas, quase sem expressão.

- O que é isso?

- Cappuccino.

- Não, eu quero saber pra que tudo isso.

- Bom - ela hesitou - Eu sei que você não vai passar o dia dos namorados exatamente como gostaria, mas acho que seria legal companhia e um bom café.

- Você sabe o que eu quero. Ou melhor quem eu quero - ele respondeu com gravidade.

- Sim, eu sei disso, melhor do que ninguém - ela sorriu.

- E eu não quero você aqui, quero ficar sozinho.

Silêncio.
 
- Belo, áspero e intratável, como diria o Bandeira. Não é à toa que você está sozinho. Bom, fica com o café e um bolinho que comprei no Pão de Açúcar.

Silêncio.

- Você jura que vai ficar aí? - ela se aproximou e brincou com os cabelos dele - Mesmo?

Raul ficou olhando para ela. A infelicidade que transbordava serenamente. Lô lhe beijou a testa e saiu do quarto. Voltou dali a cinco minutos, com o vestido que ele não gostava.

- Qualquer coisa me liga - avisou ela e, já na porta, jogou-lhe dois sachês de açúcar - Você vai precisar disso.


Comentários

Nara disse…
Que rapaz bobo, Batman.
Conheço alguns assim.

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