Sobre as coisas que a gente ama, mas esquece.
"Menina", 2008 de Frau Forster (batom sobre papel) |
Saio da aula com as mãos sujas de tinta e paro numa lojinha de bugigangas. A atendente me oferece ajuda e sorri:
- Nossa! Você pinta quadros?
Meu sorriso sem graça diante do laranja e do vermelho das unhas, dedos, braços. Pois é. Como é que eu fui esquecer como adoro essa coisa das mãos sujas de tinta? Tempos de aulas de pintura. A tinta a óleo não secava nunca: coisa para os indecisos e perfeccionistas - nunca satisfeitos com suas obras. Tempos de desenhos feitos com esmalte, batom, maquiagem velha. Giz pastel - aquela caixa bárbara de 36 cores. Exposição na faculdade de aquarelas e outros desenhos despretensiosos. Onde tudo ficou?
Como é que eu fui deixar uma coisa tão prazerosa assim de lado? Como é que eu fui me esquecer?
Sem sentimento de culpa, por favor. O que me importa agora é a nova caixa de giz pastel que vou comprar, os pincéis e as bisnaguinhas de tinta Gato Preto.
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