Desprezo pela dor alheia
O filho vinha se queixando de fortes dores de cabeça. O pai dizia que era bobagem, nada para ser levado muito a sério. É só tomar um analgésico, repetiu ele durante meses. Todavia, nada resolvia e aquela maldita dor continuava incessante, impiedosa, intensa. E o pai continuava com o mesmo discurso de quem despreza a dor alheia. Enquanto não sentisse na própria pele, não saberia do que se queixava o filho. Não, não poderia sentir a dor de cabeça do filho. Mas pôde muito bem sentir a incessante, impiedosa, intensa dor de sua perda: seis meses depois o menino morreu de câncer cerebral.
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