Diário: Gracejo
- Olhem pra ela! - disse Paulinho e todos os meninos me olharam - É bonita, gosta de games e adora inglês! É a mulher perfeita! Deve ter alguma coisa errada, não é possível...
Os coleguinhas nem deram muita atenção para ele: já estavam acostumados com seu jeito exagerado. E eu pensando comigo mesma: ah se bastasse ser bonita, gostar de games (ele ficou muito impressionado quando eu falei de Rock Band) e adorar inglês... Mas, graças a Deus, nossas exigências mudam não?
Ele me acompanhou até a sala dos professores, me ajudando com o material. Perguntou da aliança no meu dedo. Respondi.
- Opa! É minha chance!
- Paulinho!
- Ah! Me diz que você espera uns anos aí por mim vai! Sete anos passam rapidinho!
Eu agradeci a ajuda e me despedi. Sozinha, eu ri. Um gracejo é sempre um gracejo. Paulinho me mostrou outro dia um poema que escreveu. Uma professora me disse:
- Ele não escreve como um menino de 12 anos...
E não escreve mesmo. Até me lembrou de alguém que conheci quando tinha essa idade, mas claro que o rapaz em questão não era atrevido como Paulinho. Paulinho é muito inteligente, esperto e comunicativo. Entretanto, é bagunceiro e dificilmente faz a lição. O que não me faz gostar menos dele. Seja como for, é engraçado estar no outro lado, na mesa do professor, e imaginar o que se passa na cabecinha dessas crianças.
Parece que foi ontem que eu era uma delas...
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