Pensamentos soltos [2]
Saí na chuva para me molhar - literalmente. Jeans, tênis, blusão, cara lavada, cabelos recém-lavados, alma lavada. Tem coisa melhor? Foi um prazer estranho sair da estação e pegar aquela chuva leve, aquele céu cinzento. O tempo fresco. Fiz questão de não abrir o guarda-chuva até que fosse realmente indispensável.
Uma sensação de liberdade indescritível. Os carros todos parados e eu andando pela calçada com milhões de idéias na cabeça. Nada poderia me chatear num momento como aquele - nem mesmo a meia úmida e a descoberta de um furo na sola do meu all star, coisas que me deixariam tolamente mal-humorada até alguns meses atrás.
O homem grande com o guarda-chuva grande responde com o seguinte gracejo quando lhe cedo passagem:
- Eu com a minha barraca não dá! - sorri.
Uma sensação de liberdade indescritível. Os carros todos parados e eu andando pela calçada com milhões de idéias na cabeça. Nada poderia me chatear num momento como aquele - nem mesmo a meia úmida e a descoberta de um furo na sola do meu all star, coisas que me deixariam tolamente mal-humorada até alguns meses atrás.
O homem grande com o guarda-chuva grande responde com o seguinte gracejo quando lhe cedo passagem:
- Eu com a minha barraca não dá! - sorri.
As palavras de Breno e de Ignácio ressoavam dentro de mim, ora intensas, ora suaves. Me fizeram rir ao descer do trem. E sempre, sempre me faziam (e fazem) pensar na vida e em sua complexidade. Elas mexem comigo, abrem e fecham feridas, me oferecem outras perspectivas e algumas identificações.
(diferentes tempos verbais)
Eu já vivi isso.
Eu poderia ter vivido isso.
Eu sei que ainda vou viver isso.
Nesta tarde, eu esqueci do meu dia, da minha semana. Revi antigas questões. Alguns fracassos definitivos. Algumas coisas resolvidas (e felizes). Novas oportunidades e situações. Haja estômago, haja coração. Haja paciência para a inexperiência que me assalta. Frio no estômago. Riso contido. Ah! Esse olhar apaixonado. Ah! Essa juventude! Ei! Quantos anos eu tenho?
E uma vontade gigante de cuidar dela.
E uma vontade gigante de cuidar dela.
Depois, peguei o carro debaixo de chuva, à noite, e aumentei o volume do rádio quando a música começou a tocar. Encarei a moça no retrovisor: quem é você? Ela me sorri, ainda doce, unhas cor de vinho. Cortou o cabelo. Sim, cortei. As mudanças de fora para dentro. Será? Quem se importa? E sempre me lembro de Sabrina dizendo que continuava a mesma e que só tinha mudando o corte de cabelo. Ledo engano.
E ledo engano pensar que o sempre e o nunca me bastam.
(e conheci um pedreiro que gosta de Queen e toca Stairway to heaven no violão)
(e conheci um pedreiro que gosta de Queen e toca Stairway to heaven no violão)
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