Vamos fugir?!

- Vamos fugir?!

Eu gostaria de ter perguntado a alguém ontem. Talvez hoje estivesse em alguma cidade perdida em Minas Gerais ou numa praia deserta do litoral de São Paulo. Levante a mão quem nunca quis fugir, sumir, sem deixar pistas.

Sabe aquelas semanas em que tudo dá errado? Pois é, essa última semana não foi uma delas. Entretanto, foi desgastante, cansativa, mal-dormida. Não, não é época de crise, pelo contrário, época de vacas gordas, embora algumas coisas pareçam degringolar - e eu as encare com todo o humor negro que possuo, que é pouco, convenhamos. Fugir em época de crise é ser previsível e banal. Isso eu nunca fiz: só desmonto e me remonto em seguida.

Hoje, afiadíssima, ainda bem que também sonolenta.

- Nossa, você não era assim! - sorriu o Sr. A.

Me limitei a sorrir e até ensaiei uns ridículos passos ao som do pagode que vinha do bar. Não gosto de pagode, nem sei dançar. Frustrada com a tarde de sábado e com esse meu cansaço e a minha vontade de fazer tudo e ter tão pouco tempo. Tanto para fazer e tão pouco tempo, citando o Coringa. É o meu grito de socorro:

- Quero fugir!

Não é por causa da rotina, nem da responsabilidade. Queria simplesmente fugir, deixar celular, e-mail, todos os meios de comunicação para trás. Ia levar meus discos e nada mais. Encher a mochila velha da época do colégio, umas duas mudas de roupa, pacote de pipoca doce e o espírito desbravador.

Talvez eu ainda fuja. Mas a pergunta que não cala:

- Do quê?

Não me importo muito com a resposta também. Aliás, muitas coisas passaram a me despreocupar depois de muito me preocupar com elas. É como se cada coisa tivesse uma dose finita de preocupação. E essas já acabaram faz tempo.

Seja como for, o convite ainda está de pé:

- Vamos fugir?!

Ouvindo Partido alto (Cássia Eller)

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