Diário: Aceito!
Hoje fui a um casamento. A cerimônia em si não tem muito a ver comigo: nunca consegui me ver de noiva. Entretanto, curiosamente, sempre gostei de ir a esses eventos e partilhar da felicidade das pessoas envolvidas. E hoje não foi diferente.
Assim que chegamos, avistei uma das daminhas de honra, recebendo as instruções sobre como se comportar. Olha! Será que esse rapaz é o padre? Tão novo e bonitinho! Mal deve ter saído do seminário... Dois fotógrafos, discretos e vestidos de preto, fazem com que a igreja (verde na cor e no nome) se cubra de recato, diante de tantas fotos. Um homem ia e vinha dos bastidores e testava o microfone e o som.
Gosto de ir à igrejas. Gosto de ver a arquitetua e os vitrais. Mas mais do que isso, o que é um cerimômia de casamento (ou deveria ser) afinal? É um casal que se reúne com um grupo de pessoas para celebrar sua união, buscando a aprovação divina. Além disso, é um rito de passagem também, com peso de toda uma tradição, naturalmente.
Meus companheiros de casamento me contaram histórias bizarras de cerimônias passadas, enquanto eu tentava tirar fotos da igreja - será que o padre desaprova? -, desistia do meu cabelo e observava as pessoas chegando. Até reconheci uma menina que tinha estudado no mesmo colégio que eu em 1900 e bolinha.
Acho que precisamos de uma série de ritos de passagens para que certas coisas fiquem mais definidas em nossas vidas. Às vezes, é importante ter muito bem definido o começo de um momento novo. E o seu fim também. Eu já sabia que essa cerimônia não era a minha praia, mas hoje me dei conta de que este é um rito de passagem do qual eu não preciso. Nunca aceitei isso de "Mas é o sonho de toda mulher!" ou "É o dia mais importante da vida de uma mulher". Eu não tenho medo de superlativos, mas não gosto da trindade "tudo, todo, toda": abrange muita gente, gente demais, inclusive eu .
Finalmente a noiva entra: bela e discreta em seu vestido delicado. Naturalmente, é antecedida pelas três daminhas graciosas e pelo pajem (thanks Bunny man!) que roubou a cena, por conta do seu jeito todo comportado (e uma dancinha no final, quando achou que ninguém ia notar).
Eu tenho as coisas tão certas em mim, sobre o que penso e sinto, que a cerimônia não me diz nada, particurlamente. Isso não me impede de reconhecer e respeitar o que ela significa. O fato é que é uma coisa muito pessoal, tão pessoal quanto decidir o que será feito do meu corpo quando eu morrer. Alguns preferem ser enterrados com seus pertences, outros, cremados e jogados ao vento e outros ainda, servirem para faculdades de medicina (estou certa de que deve haver outras coisas a serem feitas...)
Mais importante do que qualquer coisa, é não deixar que a cerimônia perca o significado e passe a valer por si só, e não pelo simboliza. Apoio quem queira celebrar o casamento e tudo mais. Mesmo porque, apesar de ser feliz como expectatora, serei muito feliz quando for madrinha - já que duas das minhas melhores amigas me chamaram para tal papel. Tal convite me deixa muito honrada, porque apesar de não partilhar do significado, partilho da felicidade de ambas. E o que se faz num casamento? Se divide felicidade e ser convidada a fazer parte disso, de um modo tão próximo e por duas pessoas que amo... Bem, é, no mínimo, irrecusável.
E vale, claro, ressaltar as frases legais do padre (muito simpático por sinal):
* "O casamento não é um drama, mas uma aventura viviva a dois" (durante o discurso pré-nupcial)
* "E agora você pode dar o primeiro beijo na noiva... depois de casados" (depois de declará-los marido e mulher)
* "Para mim isso não é beijo, é uma bicota. Pode dar um beijo de verdade!" (sobre o beijo dos dois)
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