Nat King Cole e a memória
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Passei muito tempo com aquela canção na minha cabeça, como uma canção de ninar. Unforgettable tornou-se parte de mim naquele dia. Ouvi-a ainda muitas vezes, ainda sem saber de quem era. Um dia perguntei ao Pai Forster e ele, também um apaixonado, me contou quem era e que outras coisas bonitas tinha feito.
Por algum motivo, Nat King Cole adormeceu em mim e só despertou de volta quando entrei na faculdade. Acho que entrei numa onda de busca. Busca por tudo, resumidamente. A partir daquele momento, Nat King Cole veio a ser trilha sonora de alguns romances, mas dos períodos de solteirice também. Unforgettable esteve entre as músicas importantes, mas principalmente Stardust, para a qual fiz um post há uns anos atrás e a qual dediquei à uma pessoa que foi, sem dúvida, muito importante.
Nat King Cole se tornou uma coisa intrínseca a mim. Li por esses dias que quanto mais associações uma certa coisa ou pessoa tem na sua cabeça, mais difícil fica de esquecê-la. E com este cantor/compositor/intérprete foi assim: ele se tornou associado a tantas coisas e pessoas que, se lembro dele, vem toda uma carga emocional, de experiência, de vivência - coisas que nem sempre eram boas.
E eu naquela ânsia doida de esquecer tanta gente e tanta coisa
aprendi. Aprendi que é bom lembrar as coisas ruins para não cometer os
mesmos erros e que é bom lembrar as boas porque... Porque são boas e
fazem bem oras! Se foi bom, porque o pudor ao lembrar? Principalmente se a trilha sonora é de Nat King Cole? Se passou,
passou, nada há de se fazer.
Mas aprendi também que se esquecer não é o
caminho, nostalgia também não é. Tanta coisa por viver ainda e eu
simplesmente não posso reviver aquilo o que já vivi. Sou outra, somos
outros. Os tempos são outros. As alternativas são outras, com direito a
N.D.A. Se não me agradarem, crio outra ou fujo para Marte. Ou saio de
moto na calada da noite, num zumbido secreto e ares de aventura.
Para que complicar? Deixo Nat King Cole fazer parte da minha vida e deixo que traga com ele, irremediavelmente, tudo aquilo o que ele simboliza, tudo aquilo o que expressa, toda a sua bagagem - ou melhor, a minha bagagem. E deixo também que certas coisas passem, mas faço questão que Nat King Cole permaneça - permanentemente.
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