Dos acentos só pronunciados
Sempre as mesmas dúvidas sobre
acentuação. Não, não acentos gráficos, aqueles exibidos e por vezes petulantes
que grafamos – para isso existem manuais. Falo dos acentos que só percebemos
através da entonação, aqueles que temos que saber no dia-a-dia, em qualquer
conversa. O que fazer quando não se sabe? Acho que vale uma dose de bom senso,
sorte e alguma ousadia. Bom senso porque as entonações não são ao acaso: há
regras até para elas – mas vou eu lá decorar regras para falar as palavras?
Sorte porque toda a regra tem sua exceção – caso você siga as regras,
obviamente. E ousadia de tentar, mesmo na dúvida ou insegurança.
Incesto,
por exemplo. Eu fecho o ‘ê’: incêsto –
nunca tinha ouvido ninguém falar essa palavra, só tinha lido, como saber? Que
vergonha! Fez faculdade de Letras e nem sabe a ‘correta’ pronúncia das
palavras... tsc tsc tsc. Então L.C. zomba: “é incésto, abre esse ê!” – às vezes acho que Édipo nunca me perdoaria.
Fica incésto! – não gosto, mas fazer
o quê? Não tenho que gostar – falar é o suficiente. Na dúvida, prefiro
perguntar. Viro-me para B.W.: “é rúbrica
ou rubríca?”. Ele me sorri: “depende
de onde você põe o acento”. Não sei se não me entendeu ou se zomba de mim.
Comentários
incesto já é uma coisa estranha...com o "é" aberto fica ainda mais violento. um incesto escrachado, sabe?
>sara