Cinco observações [inofensivas] sobre o sexo masculino

1) Homem é tudo igual: não, não é. Nem as coisas feitas em escala industrial, em linhas de montagem, são todas iguais. O que dirá pessoas oriundas de diferentes lugares com educação e com experiências distintas. Homem é tudo igual parece uma daquelas desculpas/ chavões para quem acaba sempre escolhendo caras "não muito legais", para usar um eufemismo. Se pensarmos deste modo, poderemos dizer que Mulher é tudo igual, tendo, assim, outra mentira fácil fruto do senso comum. Se as pessoas fossem todas iguais, haveria fórmulas de convivência e todos seriam bem sucedidos (fossem quais fossem seus intentos). Não haveria livros de auto-ajuda, já que as receitas seriam prontas e socialmente conhecidas. E não haveria esse blog.

2) Homem não presta: falta de caráter não é exclusividade do sexo masculino, mas talvez as mulheres verbalizem o que as incomoda com mais frequencia. Uma amiga me falou algo interessante: às vezes falamos que um homem não presta por ele não pensar de modo diverso do meu, mas, outras vezes, falamos isso de alguém sem caráter. Por exemplo, se um sujeito é pró-relacionamentos abertos, enquanto eu não partilho disso, isso não quer dizer que ele não preste. Entretanto, caso algum descontentamento alheio quanto ao meu não interesse por relacionamentos abertos gere uma mensagem on-line baixa e depreciativa pelas minhas costas, bom, aí o sujeito não presta mesmo.

3) O equilíbrio da liberdade: Um negócio bem difícil de administrar: se você fica muito por perto o rapaz se sente sufocado, se você dá bastante espaço, o que se sente é carência. Acho bastante difícil dosar e acertar na satisfação da vontade alheia.

4) Os cafajestes são os mais queridos: não sei em qual esfera do cosmo. Entretanto, talvez seja melhor dizer que há mulheres que adoram sim ser maltratadas, adoram um malandro, um cafajeste. Não sei falar em porcentagem, mas posso dizer que se tem aquelas que gostam, tem as que desprezam. E uma boa parte das mulheres com quem convivo desaprova - veementemente.

5) [Falta de] Comunicação: falar muito não quer dizer falar coisas relevantes, já adianto da parte feminina, pois, muitas vezes, nós mulheres achamos que só porque falamos muito, estamos nos comunicando. Doce ilusão. Todavia, eu ainda sinto uma grande dificuldade de conversar com alguns homens. Parece haver um bloqueio nato. Alguns só se abrem e falam do que sentem quando sob efeito de alcool. Ou de sono. E quando me refiro a "falar do que sente", não estou nem entrando em grandes questões existenciais, estou falando das simples coisas da vida. Quando o assunto é "colocar pra fora", o humor e o riso podem  ser  (e são) usados como artimanhas ferramentas a fim de desviar a atenção de quem se interessa. Entendo que é preciso alguma proteção, mas se o muro é muito alto, será que alguém consegue pular? Entendo que se abrir pode ser arriscado, mas como fazer parte da vida alheia se não se compartilha o mínimo? Bom, isso se se quiser fazer parte, mas isso já são outros quinhentos...

Comentários masculinos e maiores esclarecimentos são bem vindos

Comentários

Oi, Larissa!

Texto muito bom! =)

Bem, seguindo o convite, comentários:

1) Concordo. Homem não é tudo igual, nem mulher, nem ninguém. Mas... mesmo se fossem, existiriam sim livros de auto-ajuda, mesmo que as "fórmulas de convivência" fossem óbvias e socialmente conhecidas. Acho que os livros de auto-ajuda vendem o óbvio e que, aliás, subjaz neles a crença infeliz de que todo homem ou toda mulher é igual. ( um dia eu surtei pensando nisso de ser diferente ou igual: http://cantoemsilencio.blogspot.com/2010/02/diferente-ou-igual.html )

2) "Toda generalização é burra", rs. Mas mesmo quando a frase é individualizada, fica faltando o complemento. Por exemplo, se a pessoa diz "fulano não presta" querendo dizer "fulano não presta pra mim", daí fica bem aceitável o motivo que for, seja ele o tipo de relacionamento do qual ou outro se agrada ou mesmo qualquer outra coisa. Mas, se a frase quer dizer mesmo "fulano não presta pra ninguém", daí os motivos plausíveis são muito, muito escassos, pois tem gosto pra tudo (vide item 4).

3) É mesmo. Difícil dosar também com as mulheres, com os amigos, com tudo. Até dosar um mero comentário num blog como este, rs, sobre quanto falar ou não. Sempre me sinto meio intrometido, rs. Esquirol tem um texto muito bonito que fala sobre a "justa medida"... acho que está em um livro chamado "O respeito ou o olhar-atento".

4) Confesso que não consigo entender a motivação de qualquer pessoa que gosta de cafajestagem.

5) Concordo. Aliás, muito bonito este trecho: "Entendo que é preciso alguma proteção, mas se o muro é muito alto, será que alguém consegue pular? Entendo que se abrir pode ser arriscado, mas como fazer parte da vida alheia se não se compartilha o mínimo?" =)

P.S.: Cadê mais "Maurício+Malu"???
Luka Carvalho disse…
Lari, você é ótima! Seus comentários são sensacionais!

1. Não... graças a qualquer forma de força divina, pessoas não são todas iguais! E viva a diferença! Fato que pessoas (de ambos os sexos) com determinadas características poderiam ser agrupadas e jogadas em algum ponto inóspito do globo (e ninguém - ou quase - sentiria falta).

2. Caráter: Ou você foi presenteado com essa característica, ou não! Dá pra ver no jardim quem vai ser mau caráter... meninos e meninas! Simmmmmm... a criança que rouba o estojo da amiguinha hoje, vai ser o provável sem caráter de amanhã! E relacionamento é só um dos pontos no desvio de personalidade! Querer um relacionamento aberto não é falta de caráter, é opção... ou você concorda, ou não!

3. Concordo plenamente! Liga muito, sufoca! Não liga, não quer saber! Ahhhh, vá!

4. Não sei em qual esfera do cosmo foi ótimo! Mas não naquela em que me encontro!

5. Se você tenta falar, tá fazendo DR... se não tenta, não dá pra entender o que quer... Eu peguei trauma da bendita DR! Pessoas não vem com manual de instruções, conversar é o mínimo que se espera para tentar conviver pacificamente!

Besussssss!!!
Santa Key disse…
Esse negócio de se abrir quando tá com sono tá virando clichê seu, heim, frau?

Mas o que eu entendi é que nós, os homens, somos, por suas palavras, todos bonzinhos e mal compreendido por vocês, perversas mulheres que exigem de mais de nós, pobre homens bonzinhos...

Captei a mensagem com sucesso?
Alexandre disse…
Por isso que eu disse que eu serei astrólogo HAHA! Brincadeira, muito bom o post, bastante reflexão e percepção. Abraço!
Bia disse…
Muito acertado seu post, Lari! Em especial a parte que concerneao diálogo com o sexo oposto.
Unknown disse…
Frau,
só tive conhecimento do seu blog hoje, acredita?
E adorei esse texto!

Quero comentar os itens 3 e 5:
Esse equilíbrio é mesmo muito complicado! Um dia eu e uma amiga estávamos falando sobre como é difícil, por exemplo saber a medida certa de "controle" do outro numa relação. Acho que essa nem é a melhor palavra. Mas como é difícil saber até que ponto se pode abrir demais a relação e quando se deve começar a apertar a corda. Estranho isso...
A comunicação é mesmo algo muito complexo. Pra mim o pior é quando a gente acha que falou do jeito certo e a pessoa entendeu certo e acontece totalmente o contrário. Difícil compreender e ser compreendida através de palavras, imagina com os homens, que já não são muito afeiçoados a elas?

Por último, acho que tem muita gente que confunde homem bom de cama com cafajeste. Uma pena. Eu, pelo menos quero distância de cafajestagens!

Vou colocar seu link no meu blog!
Beijos!!

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